A Bunda Masculina

Foto: KlausHausmann / Pixabay
 

Certa vez, ouvi alguém dizendo que a bunda masculina é a parte mais subestimada do corpo de um homem. Naquele momento, achei a afirmação um tanto exagerada, talvez até uma provocação vazia, daquelas que se fazem para testar os limites da opinião alheia. No entanto, ao refletir mais profundamente sobre a questão, comecei a perceber que há algo de inegavelmente belo na curvatura de um homem, algo que, por algum motivo, se perde nas discussões sobre o que é esteticamente valorizado.

A nossa sociedade é cruel com o corpo masculino, como se este tivesse apenas duas missões principais: ser forte e estar disponível. Os músculos são os que mais brilham na vitrine do desejo, o peitoral, as pernas, os braços. Mas e a bunda? Ela é quase uma vítima do anonimato, relegada ao papel de sustentação, de apoio, esquecida entre as linhas de código que definem o que é desejável ou não.

Porém, ao me permitir olhar mais de perto, e não só apressadamente, como quem passa por uma vitrine lotada de roupas, percebi que a bunda masculina é muito mais do que um mero suporte. Ela é um reflexo, uma curva sutil, uma forma que transmite força e suavidade ao mesmo tempo, algo quase contraditório. No fundo, é um retrato da anatomia humana: aquele ponto de encontro entre o que é firme e o que é fluido, onde o movimento da vida se manifesta, seja ao andar, ao dançar, ao correr.

E acredite, não estou falando aqui apenas de bunda "sarada", definida, ou daquelas perfeitas, esculpidas em academias e promessas de autoestima. Estou falando da bunda do homem comum, daquelas que talvez nunca passem na frente de uma câmera de moda, mas que são incrivelmente charmosas em sua naturalidade. São as bundas que se entregam ao movimento de forma espontânea, que não se importam com o olhar de aprovação alheia, mas com o simples prazer de existir. Elas não pedem atenção, mas sabem, no fundo, que possuem um magnetismo silencioso.

E por que não dizer que a bunda masculina, em seu esplendor silencioso, é uma metáfora da própria vida? Um território que poucas vezes se observa, mas que está sempre lá, sustentando, equilibrando, modelando o caminhar. Na dança da vida, o tronco balança com seu ritmo, mas é a bunda que define o passo. As costas podem carregar o fardo, os ombros podem sustentar o peso, mas a bunda... ah, a bunda é a base do movimento, o centro de gravidade, a fundação que nos faz seguir em frente, com mais leveza.

E mais: quem diz que não há graça nas bundas masculinas nunca viu um homem se espreguiçar ao amanhecer, esticando a coluna enquanto a curva do quadril se faz mais acentuada. Nunca reparou no jeito que um homem se curva para pegar algo no chão, no jeito quase instintivo com que o quadril se desloca ao caminhar. A bunda de um homem é um convite sutil, mas constante, à poesia dos gestos simples, à celebração da forma humana como ela é, sem retoques, sem maquiagem.

Eu poderia continuar enumerando as qualidades dessa parte do corpo masculino – e quem sabe, algum dia, escrever uma ode em sua homenagem, com direito a versos e trovas. Mas, por enquanto, deixo essa reflexão solta no ar, como uma provocação. Porque, talvez, o verdadeiro segredo esteja justamente nisso: a bunda masculina é bonita porque não precisa se provar. Ela é. Ponto.

E talvez seja aí que resida a sua maior graça – na coragem de simplesmente ser, sem promessas, sem filtros. Uma beleza inesperada, mas que, uma vez reconhecida, jamais se esquece.

Comentários